sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Santificação: fidelidade ou legalismo?


Gostaria de analisar essa questão também do ponto de vista prático e não somente teológico. Querido amigo, faz-me refletir quando lembro que os humildes pastores viram a luz dos anjos naquela noite em Belém, enquanto os eruditos e ilustres foram deixados nas trevas.

A Palavra de Deus nos foi dada para fins práticos e não retóricos, portanto, peço ao Senhor que me ajude a expor a verdade como ela é em Cristo, sem adulterá-la, sem adaptá-la aos meus preconceitos, e que os irmãos orem pedindo sabedoria do Céu para meditar neste sagrado tema. Da compreensão correta dessa mensagem pode depender nosso destino eterno e de nossos queridos. Haveria algo mais importante?

Ninguém se salvará pela santificação buscada por si mesmo, pois só Cristo salva, mas sem a santificação ninguém verá a Deus (Hebreus 12:14). Desde que o inimigo inventou que santificação é perfeccionismo, ser fiel tornou-se legalismo. Vou dar um exemplo familiar, talvez esclareça melhor, lembrando que nenhuma analogia é completa ou perfeita:
  • A presença às aulas não aprova o aluno, mas a ausência reprova;
  • A aprovação é dada pelo Mestre independentemente do desempenho escolar do aluno (até o analfabeto pode ser aprovado), desde que aceite ser aprovado e não falte deliberadamente às aulas;
  • A nota dada pelo Mestre é sempre a máxima para todos os alunos que frequentam as aulas e aceitam a aprovação;
  • O aluno que se julga bom e acredita que seu desempenho irá aprová-lo ou mesmo influenciar a nota do Mestre será reprovado, mesmo que seja um aluno exemplar e nunca falte;
  • É impossível ser aprovado ficando do lado de fora da escola por livre escolha, pois todos os recursos foram amplamente disponibilizados para o aluno estar diariamente na escola;
  • Há alunos que entram na escola e permaneceram nela apenas por alguns momentos e são aprovados, outros a frequentam por décadas e podem ser reprovados;
  • Os que levam atestados falsos para abonar as ausências serão reprovados, mas as ausências dos que se arrependem genuinamente dessa prática (mudam de atitude) são abonadas.
Reflexão:
  • O que significa “aceitar a aprovação”?
  • O que significa “frequentar as aulas”? 
  • O que significa “faltar deliberadamente às aulas”?
  • O que significa “levar atestado falso”?
Vamos ver outro aspecto:
  • Quem quer que pequemos? (resposta óbvia: Satanás)
  • Quem quer que não pequemos (resposta igualmente óbvia: Deus)
  • Quem é mais poderoso: Deus ou Satanás? (sem sombra de dúvida: Deus)
  • Quando afirmo que é impossível viver sem pecar, a quem estou honrando como o mais poderoso? (sem comentários...)
Quando eu acreditava que era normal pecar mesmo sendo cristão, baseava-me em:
  • Minhas promessas descumpridas;
  • Conhecimento de minhas fraquezas, debilidades e tendências;
  • Meu apego a pecados acariciados dos quais não queria largar no momento;
  • No exemplo falho de homens religiosos de meu relacionamento;
  • Nas teorias agradáveis de doutores da lei que colocam seus próprios pensamentos acima do “assim diz o Senhor”, dizendo que vamos pecar até Jesus voltar;
  • Na doutrina católica romana do pecado original, também chamada de pecado latente, pecado essência, pecado intrínseco, etc.;
  • Que pecava porque era pecador;
  • Que Jesus era meu Salvador, mas não meu Modelo;
  • Que a intenção justificava minhas ações;
  • Que buscar fazer tudo certo era fanatismo;
  • Que ao apresentar alguma melhora na vida cristã (remendos) seria aceito por Deus como o meu melhor;
  • Que santificação é um processo que dura a vida toda, portanto, deixava para o futuro certas mudanças que sabia serem necessárias no momento, mas não as desejava aplicar;
  • Que em nome do “equilíbrio” poderia abrir concessões aos meus princípios, sem violar a consciência;
  • Que para conquistar os incrédulos teria que ser o mais parecido possível com eles, mesmo que para tal fim tivesse que abrir algumas exceções;
  • Que a vida do cristão deve ser alegre, portanto, contava piadas e fazia gracejos sem me preocupar se minhas palavras eram agradáveis em primeiro lugar a Deus;
  • Que reavivamentos esporádicos (semana de oração, santa ceia, etc.) eram suficientes para elevar-me espiritualmente;
  • Que ler diariamente a Bíblia, estudar rigorosamente a Lição da Escola Sabatina, ir regularmente igreja (inclusive às quartas-feiras), dar dízimos e ofertas me colocava numa posição privilegiada diante de Deus e forte candidato ao Céu;
  • Que dedicar-me a tarefas eclesiásticas (projetos evangelísticos, cargos na igreja, doações, etc.) era suficiente para eu gastar a outra parte de meu tempo, recursos e talentos da forma como eu bem quisesse;
  • Que perdão era um ato jurídico que ocorria no Céu, portanto, ao orar toda noite “Senhor, perdoa os meus pecados”, seria realmente perdoado, independentemente de mudança de atitude;
  • Que o Espírito de Profecia continha apenas conselhos que poderiam ser aceitos ou não, dependendo de minha particular interpretação (conveniência);
  • Que gozar de boa reputação na igreja era suficiente sinal de aprovação divina;
  •  Que no futuro meu caráter seria transformado por uma ação milagrosa de Deus, antes de ser levado para o Céu.
Agora que creio que é possível ao homem viver em incondicional submissão a Deus (ou seja, de acordo com toda a luz por ele compreendida), baseio-me:
  • No inconcebível poder da graça perdoadora e transformadora de Cristo;
  • No incalculável poder do Espírito Santo ao ministrar essa graça;
  • Na total desconfiança de mim mesmo;
  • Nas inúmeras promessas de vitória reveladas na infalível Palavra de Deus;
  • Nos exemplos de servos falíveis como eu, mas que obtiveram a vitória neste mundo pela fé, como Jó, Enoque, José, Daniel, Zacarias e Isabel, João, Paulo, etc.;
  • Que a Bíblia é minha única regra de fé, e que o Espírito de Profecia recebeu a mesma inspiração divina que os escritores bíblicos;
  • Que a melhor explicação da Bíblia é dada pelo Espírito Santo;
  • Que comparecerei individualmente diante do tribunal de Cristo, portanto, não devo submeter minha consciência a nenhum homem;
  • Que sou pecador porque peco;
  • Que seres santos pecaram por escolherem fazer a própria vontade, e que seres caídos viveram como santos porque escolheram servir a Deus de todo o coração;
  • Que caráter é diferente de natureza; e que posso, pelo poder do Alto, desenvolver um caráter puro mesmo tendo uma natureza carnal;
  • Que a obra de construção de um caráter reto e puro deve ser levada a cabo antes do fim da graça;
  • Que a graça de Cristo me faz nova criatura, e que as más tendências carnais herdadas ou cultivadas podem ser subjugadas pelo Seu Espírito;
  • Que sem Cristo ser nova criatura é impossível para mim, no entanto, possível e necessária se eu escolher que Espírito assuma o controle de minha vida;
  • Que todas as minhas palavras serão julgadas no tribunal divino e influenciam quem está à minha volta, ou para o bem ou para o mal;
  • No exemplo de Cristo, que nunca pecou, nem por um único pensamento, e veio para me salvar e ser meu Modelo, lutando com as mesmas armas a mim disponíveis;
  • Que a Lei de Deus é representação de Seu caráter e expressão da Sua vontade;
  • Que a lei de Deus abrange tudo; muito mais do que atos exteriores, ou seja, pensamentos, emoções, motivações, intenções, sentimentos, omissão, etc.;
  • Na verdade bíblica - pecado é transgressão da lei, portanto pecado é escolha e não herança;
  • Que qualquer pecado, por mais insignificante que possa me parecer, é altamente ofensivo a Deus, separa-me dEle e recrucifica Cristo;
  • Que o meu pecado é resultado de minha livre escolha em fazer (ou pensar, ou sentir, ou me omitir, ou intencionar) de forma diferente daquela que compreendo ser a vontade de Deus;
  • Que escolher diferente do que sei ser a vontade de Deus é uma ato de rebelião contra Deus, e me coloca sob o estandarte do inimigo;
  • Que só Deus atribui culpa a alguém, e eu não posso julgar, mesmo aqueles que visivelmente estão errados, pois podem estar inocentes diante de Deus, pela ignorância não intencional da verdade;
  • Que o perdão não é um ato jurídico, mas o poder de Deus para livrar da culpa e do poder do pecado;
  • Que não perdoado “no atacado”, mas devo confessar cada pecado a Deus, suplicando o perdão e o arrependimento genuíno;
  • Que quanto mais perto de Cristo me achego, mais indigno e necessitado de Cristo me sento, e isso só me faz desejar ser mais e mais fiel;
  • Que a santificação é obra de uma vida inteira de obediência;
  • Que na escola de Cristo não há formatura, nem aqui nesta terra, nem no Céu, pois o servo fiel aprenderá e crescerá sempre;
  • Que perfeição absoluta é um atributo nem mesmo dos anjos, mas exclusivo da Divindade;
  • Que andar segundo a luz recebida, pelo poder do Espírito, é estar em harmonia com Deus, portanto, perfeito aos olhos de Deus, mesmo que ainda pratique erros desconhecidos;
  • Que não buscar de todo o meu coração conhecer a vontade de Deus, já se constitui em pecado;
  • Que não há perdão para quem peca voluntária e não se arrepende genuinamente;
  • Que arrepender-se genuinamente inclui abandonar o pecado;
  • Que o arrependimento é obra do Espírito Santo em mim, mas Deus me concedeu o poder de escolha, inclusive para aceitar ou não o arrependimento;
  • Que a vida do justo é como a luz da aurora, vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito;
  • Que a fidelidade (obediência) é um dom do Espírito e não há mérito no homem, mas só os fiéis receberão a coroa da vida;
  • Que a diferença entre o legalista e o fiel está principalmente na motivação e não me cabe julgar a ninguém, exceto a mim mesmo em contraste com o meu Modelo Jesus;
  • Que minha salvação é exclusivamente pela graça, mas há condições a serem satisfeitas que cabem a mim, pois Deus respeita minhas escolhas (livre arbítrio), inclusive a de não obedecê-Lo;
  • Que as condições para a salvação estão muito claras na Bíblia e no Espírito de Profecia, cujo resumo encontramos em Mateus 7:21 e a explicação do Espírito Santo está no livro Caminho a Cristo, capítulo 5 - Consagração;
  • Que quando escolho entregar inteiramente minha vontade a Deus, Ele cumpre a Sua parte e, se necessário, envia toda a hoste angélica para que eu não seja derrotado;
  • Que o caminho que conduz a salvação é estreito, mas Jesus já o trilhou abrindo-o para mim;
  • Que nenhuma tentação acometer-me-á acima do que poderei suportar;
  • Que tudo posso em Cristo que me fortalece;
  • Que tentar justificar o meu pecado é acusar a Deus de injusto e tirano;
  • Que a lei de Deus fora de mim acusa-me e se constitui em um fardo, mas escrita por Deus no meu coração santifica-me e me dá paz, alegria, e me conduz pelo caminho reto;
  • Que o jugo de Cristo é suave e Seu fardo é leve;
  • Que se constitui em altíssimo privilégio ser uma testemunha de Deus perante o universo, a fim de provar aos mundos não caídos que as acusações de Satanás contra Deus são falsas, e que as leis de Deus (expressão de Seu caráter) são santas, justas, boas e possíveis de serem obedecidas por quem permite ser dirigido pelo Espírito Santo;
  • Que refletir perfeitamente o caráter de Cristo, não é só possível pelo poder de Deus em mim, mas é a condição para que Cristo venha me buscar juntamente com Sua amada igreja, cujo caráter está retratado em Apocalipse 14:5;
  • Que minha constante oração deve ser a de Cristo no Getsêmani: “Pai, não seja como eu quero, mas como Tu queres”.
Que o Senhor nos ilumine, dirija e abençoe.

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